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Série Gauchíssimo nº 38

Gravadora: Galpão Crioulo Discos - ORB-3351


Músicas

Lado A - 01 - Saudade dos Pagos

Intérprete: Gildo de Freitas

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Eu quando vim lá da minha terra
Eu deixei por lá muita recordação
O meu cavalo, por nome Esperança
Que era toda minha estimação
Deixei também um apero completo
Que dava inveja no próprio patrão
Um par de rédeas de couro de pardo
Mala de ponche e dois pelegão

Deixei até uma lavoura plantada
Já tinha dado a primeira capina
Eu deixei tudo, e não quis mais nada
Porque criei raiva de uma china
Eu deixei tudo, mas porém não ligo
Sei que não volto mais pro meu rincão
Tando distante não tem perigo
Que a china abrande o meu coração

Eu trouxe um laço de couro de pardo
Foi que restou da minha profissão
Num entrevero de china bonita
Eu quero dar uma demonstração
Eu qualquer dia eu tomo umas canha
Garro meu laço e caio na farra
Marco a china que tenha picanha
E dou-lhe um pealo velho de cucharra

Eu sou gaúcho, que acompanhei
Todas as voltas que o mundo requer
Meus interesses eu abandonei
E deixei meus pago por causa e mulher
Eu quero dar mai um tiros de laço
Pra ver as volta que meu laço faz
Depois então, eu descanso meu braço
E me assossego, e não pealo mais

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Lado A - 02 - Baile de Respeito

Intérprete: Gildo de Freitas

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Eu fui num baile
Donde tava o Teixeirinha
Já criando ladainha
Cheguei arrastando a espora
Preguei-lhe o grito
Hoje o baile tem respeito
E Olhei firme pro sujeito
E já se mandou porta afora

E vai te mandando nanico
Petiço da perna curta
Têm que largar primeiro


Foi coisa linda
O Teixeira disparando
O lenço branco avoando
E as velhas gritando atrás
E as prendinhas ficaram
Agarrada em mim
Cantando e dizendo assim
Aquele não volta mais

Se voltar é pior pra ti

Aquelas velhas gritaram
No mesmo tom
O comedor de batom
Com esse susto ele se ajeita
A minha filha da comadre e da vizinha
Não que mais o Teixeirinha
Só querem o Gildo de Freitas

E tá muito certo meninas
Vocês não tem mau gosto
Eu sou bonito mesmo


Com aquele ato
Eu fiquei dono do campinho
Todo cheio de carinho
E era aquele troca e pega
E foi assim que eu dancei a noite inteira
Enquanto o pobre Teixeira
Chorava lá na macega

Pobre vivente, chorava mais que criança molhada

Aquele baile eu dancei barbaridade
Me diverti a vontade até o dia clarear
Se levasse junto a Mary Terezinha
Eu creio que a coitadinha também ficasse por lá

E essa eu não te entregava mais

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Lado A - 03 - Faca Prateada

Intérprete: Gildo de Freitas

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Esta faca prateada
Que hoje eu mostro pra você
Pois esta em 93
Naqueles tempos passados
Quando branco colorado
Pica pau com Maragato
Com esta faca de prata
Muitos foram degolados

Naquelas revoluções
De combates de entreveros
Sempre havia um prisioneiro
Isso de ambos os lados
Para que fossem julgados
Se iam para quatro estacas
Ou então para o fio da faca
Pra ser morto degolado

Vejam que barbaridade
Os tempos de antigamente
Matavam barbaramente
Sem piedade sem dó
Já com a faca na mão
Dizia o degolador
Você não vai sentir dor
Encoste aqui seu gogó
E ao degolar o vivente
Com aquela prateada
O carrasco em gargalhada
Dizia descansa em paz
Gritava tragam no mais
Este gorducho pachola
Pra ver a dor da degola
E a cosca que a faca faz

E antigamente era assim
Que se diziam o macanudo
Mas foi a falta de estudo
Que trouxe esse carranchismo
Se eles lessem o catecismo
Depois dos livros da escola
Não havia tais degola
E nem tanto barbarismo

Mas depois surgiu um homem
Que ganhou as eleições
Findou com as revoluções
E deu estudo pra infância
Coisa de muita importância
Foi findar com as hora amargas
O doutor Getúlio Vargas
Que acabou com a ignorância

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Lado A - 04 - Saravá pra ti

Intérprete: Gildo de Freitas

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Eu esta noite eu tava no rancho
Eu me deitei mas não pude dormir
Porque um amigo meu apareceu
E convidou para nois dois sair
E na estrada fomos conversando
E na conversa ele pegou a rir
Depois então passou a me contar
Que era um sarava que nois tinha que ir
Eu cheguei lá eu vi tudo fungando
Pula pra lá e pula pra aqui
E só diziam pro santo desce
Eu não notava desce nem subi
E de repente um estravolega
Fez um barulho e abaixou ali
Pediu barafá para ele bebe
Eu fui pra perto e também bebi
E o Pai de Santo logo embraveceu
Mandou os outros me tira dali
Foi um fiasco daqueles bem grande
Que os próprios santos tiveram que rir
No me pega para tirar para rua
Já um estalo na cinta eu senti
A pobre cinta foi arrebentando
E a calça velha começou a cair
Pela friagem que eu senti na perna
Olhei pra baixo é que eu fui sentir
Eu tinha vindo meio cochilando
E desprevenido de casa eu sai
Daquela feita me deram uma folga
Eu esperneei e tratei de fugi
E lá na estrada eu tava escutando
As mulher gritando “Saravá pra ti!”

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Lado A - 05 - Vida de Camponês

Intérprete: Gildo de Freitas

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Viver bonito é a do camponês
Ele trabalha mas também descansa
Da própria terra que ele se alimenta
Descansadinho sem haver lambança
Porque o vizinho mais pertinho dele
É uma légua duas de distancia
Pra se falar só se houver doença
Ou aos domingos na alguma festança
E é assim que ele leva a vida
Na sua lida cheia de esperança
E é assim que ele leva a vida
Na sua lida cheia de esperança

Seu lindo rancho de capim coberto
Terreno limpo cheio de arvoredo
A serenata que ouvi de perto
É dos passarinhos de manhã bem cedo
Já se acorda cheio de alegria
E se alevanta com satisfação
Prega-lhe o grito levanta a família
E se dirige direto ao galpão
A mulher véia conhece seu vicio
Dá o inicio no seu chimarrão
A mulher véia conhece seu vicio
Da o inicio no seu chimarrão

Toma um amargo belisca um salgado
Porque sem carne o corpo não aguenta
E é preciso andar reforçado
Pra dominar as suas ferramentas
Sempre têm um para tirar o leite
E dar o trato para criação
Daquele leite se faz um café
Faz a mantega pra se por no pão
E o mais pequeno têm o privilégio
De ir ao colégio aprender a lição
E o mais pequeno têm o privilégio
De ir ao colégio aprender a lição

Domingo cedo tudo se alevanta
De roupa limpa ele e todos seus
Vão na capela lá nos pés da santa
Rezar a missa e rogar a Deus
Isto que é vida bonita e perfeita
Séria e direita com obrigação
Tanto na planta como na colheita
Como na sua própria religião
E o camponês que disso não deu muda
Sempre Deus ajuda sua plantação
E o camponês que disso não deu muda
Sempre Deus ajuda sua plantação

Domingo cedo tudo se alevanta
De roupa limpa ele e todos seus
Vão na capela lá nos pés da santa
Rezar a missa e rogar a Deus
Isto que é vida bonita e perfeita
Séria e direita com obrigação
Tanto na planta como na colheita
Como na sua própria religião
E o camponês que disso não deu muda
Sempre Deus ajuda sua plantação
E o camponês que disso não deu muda
Sempre Deus ajuda sua plantação

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Lado B - 01 - Sistema dos Pagos

Intérprete: Gildo de Freitas

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Eu vou contar pra vocês o minha gente
Qual é o traje que o rio grande se usa
Uma bombacha umas bota um par de espora
um chapéu grande um lenço um pala uma brusa

um cinturão boleadera e tirador
e um revolver carregado na cintura
um litro mango e uma faca prateada
e uma cordeona pra legrar as criaturas

cavalo gordo e um areio preparado
dois pelegao peiteira freio e barbela
um ramaneia um laço mala de poncho
e na garupa uma china formosa e bela

e esta china que me faz o chimarao
me lava a roupa faz almoço e faz café
é bem assim que se traja o rio grandense
é o meu chão que le pertence os carinho da mulhe

também percisa ter dois cachorro bueno
mas escolher da raça dinamarquês
para ajudar o seu dono a peliar
se pur acaso for perciso alguma vez
cada cachorro peleia com o inimigo
e o dono é guapo peleia com dois ou trêis
e foi assim que eu resolvi todo o problema
di contar todo o sistema do rio grande pra voceis

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Lado B - 02 - Não Posso Viver Sozinho

Intérprete: Gildo de Freitas

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Menina escute estes versos que foi feito para ti
Depois que eu te conheci eu não posso viver em paz
Tu me disseste que casarias comigo
Que se eu fosse bom amigo não te esquecesse jamais

Você querendo vai morar no meu ranchinho
Não posso viver sozinho eu preciso ter alguém
E nesses versos fica a cosa esclarecida
Tudo que eu tenho na vida você vai saber meu bem

Eu tenho um rancho que foi eu mesmo que fiz
E para nóis ser feliz no rancho não falta nada
Eu tenho vaca e cavalo no potreiro
Porco gordo no chiqueiro e arvoredo e galinhada

Tenho um jardim que é todo meus encanto
De manhã quando alevanto eu me enterto molhando as flor
E tu querendo ser todinha para mim
Te darei o meu jardim em troca do teu amor

Meu próprio nome também darei-te a metade
E falarei a verdade na presençia do teus pais
Nois casaremos por civil e religioso
Sinto orgulho em ser esposo de quem não esqueço mais

Agora sim só basta tu resolver
Por carta me responder se estais de acordo comigo
Se der o sim eu ficarei mais contente
Viverão eternamente nossos corações amigos.

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Lado B - 03 - Filho Abandonado

Intérprete: Gildo de Freitas e Victor Settanni

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Vou contar meu nascimento por mais tristonho que seja
Toda as mãe que tem um filho fica alegre, abraça e beija
E a minha me deu a luz e me largou numa igreja
E os padres então me agarraram naquele rancho divino
E foram me alimentando para depois dar-me ensino.

Quando eu tinha oito anos eu notava a criançada
Passeando pelas ruas com suas mãe de mãos dadas
Eu via mãe dos outros e a minha não tinha visto
Pensando eu disse baixinho meu Deus do céu santo Cristo
Cada um tem sua mãe como eu não tenho isto.

Fui ficando impressionado e naquela mesma hora
Me benzi, entrei na igreja rezei pra Nossa Senhora
Pareceu ela me dizer tu vais pelo mundo afora
Vai procurar tua mãe que hás de achar onde ela mora.

Aí, eu fugi do padre, porém de boa intenção,
Para descobrir mamãe eu tive esta ocasião
Porque arranjei um emprego em um humilde pensão
Aonde as mulheres bebiam e dançavam num salão
E o quartinho que eu dormia era ligado ao salão
Eu ouvia voz de mulher fazendo esta exclamação.

“Vou morrer neste ambiente curtindo a cruel paixão
Avistando na cerveja
O portal daquela igreja aonde fiz a ingratidão
Deixar um filho meu
Não se é vivo ou morreu, nunca tive informação.”

E ouvindo este clamor o meu coração bateu
Vim correndo e disse a ela o teu filho não morreu
É sina da nossa vida, vivo e salvo aqui estou eu
Pra minha conformação, preciso os carinhos teus
Pra sossego de nós dois também te darei dos meus
Hoje eu tenho a minha mãe, sou feliz graças a Deus.

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Lado B - 04 - Três Tormentos

Intérprete: Gildo de Freitas

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Meu rico amigo olha ali naquela mesa
Uma mulher toda inchada da bebida
Deixou seu lar, e abandonou seu filhinho
E o coitadinho chora por esta fingida.
Quem vai dizer que esta mulher já foi casada
Hoje enrugada desprotegida da sorte
Muito ligeiro esta infeliz se termina
Vai nesta sina até na hora da morte.

E o esposo que ela tinha eu conheci
Era um marido exemplar e caprichoso
E para ela dava tudo que quisesse
Ele merece esse viver penaroso.
Se ela soubesse o quanto dói uma saudade
Ela voltava pra rever o seu filhinho
Para abraçá-lo e sufocá-la com seus beijos
E dar a ele o seu último carinho.

Preste atenção como ela esta chorando
É a paixão no remorso que ela tem
Mesmo a bebida e o maltratar dos homens
É quem consome as mulheres de ninguém.
E o marido vive lá criando o filho
E a tristeza a rondar o seu ranchinho
E diz a todos que não quer outra mulher
Hoje ele vive exclusive pra o filhinho.

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Lado B - 05 - Feliz Caçada

Intérprete: Gildo de Freitas

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Quando o dia clareou nós já tava preparado
Pra fazer uma caçada que nóis tinha combinado
Na frente do nosso rancho dois cachorros acolherado
Eu disse pro companheiro vamos bem acompanhado.

Entramos sertão adentro ainda tava orvalhado
Nóis sortemo os cãos de raça cada qual mais ensinado
Já ouvimos num costão um latir atrapalhado
Eu disse pro companheiro olha o bicho ta pegado

Pelo barulho a caça é gorda

Atravessemo um sangão saímo no despenhado
Topemo uma caça estranha e fiquemo arrepiado
Pra matar nóis não queria nem que nóis fosse obrigado
Eu disse pro companheiro vamos pegar com cuidado

Não machuque a caça

Por causa dessa caçada quase fiquemo intrigado
O companheiro me falou de um modo meio alterado
Que eu lhe entregasse a caça que ele estava incomodado
Custei muito a convencer que eu é quem tinha pegado

Larga a caça, rapaz)

Hoje vive no meu rancho aquele bichinho encantado
Que me faz viver alegre, temos dois acostumados
Não era mesma uma caça nós os dois tava enganado
Pois era uma moreninha que os índios tinham roubado.
(Vamos fechar as porteira, gaúcho)

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