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As 20 mais de Gildo de Freitas Volume 2 - 2008

Gravadora: Warner Music


Músicas

Lado A - 01 - Definição do grito

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Uma vez num outro estado me pediram informação
Pelo quê que no Rio Grande todo gaúcho é gritão
Bem ali no pé da letra já lhe dei explicação
São tradições do estado pra quem foi acostumado
a gritar com a criação.

Assim mesmo não são todos do falar agritalhado
O gaúcho da cidade tem o falar moderado
Na campanha é que há razões de falar mais alterado
Isto são coisas da vida pra quem se criou na lida sempre
gritando com o gado.

Quem se criou na campanha saltando de madrugada
Obedecendo o patrão e pondo a tropa na estrada
Quem quiser ver coisa feia é uma tropa estourada
É ali que eu acredito que a gente não dando uns grito
se perde toda a boiada.

Dou definição do grito porque me criei tropeando
Hoje de vida mudada vivo no disco gravando
Mas eu tenho a impressão que ouço o gado berrando
Por isso às vezes facilito e sem querer dou-lhe um grito
e gravo a letra gritando.

A resposta da pergunta sempre eu achei mais bonita
Aí pra banda do norte, aonde eu não fiz visita
Responderei pelo disco, sei que este povo acredita
Nesta minha gravação fica dada a explicação
Por que é que o gaúcho grita

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Lado A - 02 - Que negrinha boa

Intérprete: Gildo de Freitas e Ignácio da Silva

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Leia a Letra

O povo já descobriu
Que eu gosto da Gabriela
Pegaram nós se beijando
Numa festa de capela
Ela é louquinha por mim
E eu louquinho por ela
Por isso me resolvi
Juntar os trapos com ela
Tenho medo é de um artista
Que anda de olho nela

De noite quando eu me deito
Ao lado da minha bela
Eu fecho a porta com a chave
Ponho a tranca e a tramela
O gavião é perigoso
Mete o bico na janela
Tenho medo é de um artista
Que anda de olho nela

Ela deita no meu braço
eu durmo nos braços dela
Ela agarradinha em mim
E eu agarradinho nela
Bem magrinha e bem pretinha
Negra boa de costela
Tenho medo é de um artista
Que anda de olho nela

Não tem prata nem brilhante
Que pague a minha donzela
Francamente eu até tenho
Bastante ciúmes dela
Eu agora vou pra casa
Pra cuidar da Gabriela
Por que já tem outro artista
Que anda de olho nela

Eu cuido da minha negra
Dou sopinha na tigela
Dou café, almoço e janta
Mingauzinho com canela
Tiro o pó todo da casa
Lavo os pratos e a panela
Não precisa trabalhar
Eu faço tudo por ela
Vou bater no Teixeirinha
Por andar de olho nela

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Lado A - 03 - Nós somos todos iguais

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Delicado eu sempre fui
Pra quem tinha boa fé
Tenho ganhado questões
Só Deus sabe como é
A verdade é minha capa
Também nunca dei um tapa
Que o índio ficasse em pé

Foi cousas que se passaram pela minha mocidade
Quem tem meu temperamento vive por casualidade
Já nasci pra ser assim e troxe dentro de mim o gesto da autoridade


E pra ser autoridade
é preciso ter respeito
E também não se assustar
Do rompante do sujeito
Eu não carrego bagagem
E o homem que tem coragem
A morrer é mais atreito

No tempo do lá vai facão
Sempre fui um gaúcho bueno
Quantos brancos não dançavam
Nesses salões de moreno
De vereda já brigava na entrada
Para não perder o treino
Eu gostava desses bailes
Porque a entrada era barata
Meu sangue é de português
Sempre gostei de mulata
E elas me admiravam sorriam
Me arrodiavam por eu ser solto das patas


E eu terminava dançando
E a chinas achando graça
Eu acho que preto e branco
São feitos da mesma massa
Hoje é mansa a mocidade
Existe facilidade
Pra fazer cruza de raça

Hoje o preto e o moço branco
Tem o viver mais perfeito
Estudam na mesma aula
Não existe o preconceito
Hoje sem haver vexame
Passam pelo mesmo exame
Se formam do mesmo jeito

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Lado A - 04 - Trança de China

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Vou cantar pra vocês, meus amigos
Que estão me ouvindo por este mundo velho de Deus
Esta letra que traz por título
Trança de china


É coisa triste, gauchada amiga
Quando se deixa um amor para trás
Se dá uma volta pelo pago alheio
Quando se volta não se encontra mais
Eu digo isso é porque aconteceu
Deixei a china dentro do ranchinho
E a malvada se aborreceu
Se foi embora e me deixou sozinho.

Se fosse no verão não era nada.
Mas no inverno qualquer magricela faz falta compadre velho!


Mas ela soube da minha chegada
Voltou no rancho pra pedir perdão
Eu disse a ela você está perdoada
Mas pra viver junto comigo não
Saltei na china, puxei a prateada
E dei um taio que atorou a trança
Mandei fazer umas rédeas trançadas
E é só que eu tenho dela por lembrança.

Mulher falsa em rancho
é mais uma pistola engatilhada contra a gente, amigo!


Eu disse a ela você vai embora
Já que por mim você foi tosada
De meia volta e saia campo a fora
Que china falsa, não me vale nada.
É coisa triste, gauchada amiga
Quando se deixa um amor para trás
Se dá uma volta pelo pago alheio
Quando se volta não se encontra mais

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Lado A - 05 - Eu não sou convencido

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Esse negócio de dizer que tu me ama
E a minha ausência te causa desespero
Não é a minha boniteza quem tem chama
E com certeza deve ser o meu dinheiro

Vamô acabá com esse apaixonamento
por que eu sou um gaúcho viajado
Eu estou velho mas tenho fibra e talento
não aprendi a amar sem ser amado
ah, é tão bonito a gente amar e ser amado

Eu reconheço que sou um homem feioso
E que a feiúra caiu por cima de mim
Tenho no peito um coração amoroso
E a bonitona que me quiser é assim

Se eu descobrir que me amas com firmeza
Talvez uns tempo nós possa viver juntinho
Daí sou eu quem desfruta essa beleza
E tu desfruta essa feiúra e meu carinho
ha há, daí é pouco pra ti

Toda mulher é preciso ter beleza
Para deixar muitos corações aflitos
Porém o homem é feio por natureza
E para amar não é preciso ser bonito

Vamô acabá com esse apaixonamento
por que eu sou um gaúcho viajado
Eu estou velho mas tenho fibra e talento
não aprendi a amar sem ser amado
vamô fechá a porteira e ta dado meu recadinho malvada

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Lado A - 06 - É assim que eu sou

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Sou composto de dois lados, um é bom o outro é ruim
Não é defeito do corpo, eu gosto de ser assim
O que presta e o que não presta, terão sempre o mesmo fim
Sou ruim porque não deixo, pisarem em cima de mim

(-Me sinto bem como sou, a minha mania é está
Sou servidor dos amigos, sei alegrar qualquer festa
Pra defender um pequeno, eu quebro o chapéu na testa
Só uso o lado ruim, quando o caboclo não presta)

Não vou atrás de fuxico, nem gosto de lero-lero
As pessoas que se humilham, são as que eu mais considero
Pra quem faz e acontece, eu lhe chamo cá te espero
Ganho bem e me governo, faço da vida o que eu quero

(-Não tenho medo da morte, se um dia ela vier
A natureza me trouxe, me leve quando quiser
Jamais eu dobro a espinha, pras esses tipo qualquer
Só me entrego pra carinho, quando gosto da mulher)

Assim mesmo nem por elas, eu nunca fui governado
Gosto delas porque sei, cumprir meu dever sagrado
Respeito a china que eu gosto, pra também ser respeitado
E a não ser de meu pai, nunca corri de barbado

(-Não sou de muita confiança, nem como nada enrolado
Eu preciso dizer isso, porque ando ameaçado
Eu sou redondo e não perco pra qualquer tipo quadrado
É na hora do perigo, que eu rolo pra qualquer lado)

Vou dar o meu endereço, onde o Gildo Freitas mora
No bairro da agronomia, o resto eu explico agora
Na parada vinte dois, eu atendo a qualquer hora
Sendo puro pode entrar, se não for fique lá fora
Em tambor de galo puro, mestiço não calça espora

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Lado A - 07 - Já dormi em cemitério

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Esta mania de pessoas antigas
De dizer que há lugares metidos a assombrados
Eu por exemplo sou gaúcho e não creio
Até em cemitérios eu já tenho posado
Ainda esses dias se deu um caso sério
Disparei da policia e fui dormir num cemitério
E eu por lá passei a noite descansado
Porque não vi polícia e nem o delegado
Eu tenho medo é só de gente viva
Pela má língua que as pessoas têm
De gente morta eu não tenho medo
Porque os coitadinhos não fazem mal a ninguém

Claro que não faz!
Não te assusta de caveira João!
Têm muita gente que quer ver tua caveira!


Está mania de pessoas antigas
De dizer que há lugares metidos a assombrados
Eu por exemplo sou um gaúcho e não creio
Até em cemitérios eu já tenho posado
Ainda estes dias se deu um caso sério
Disparei da policia e fui dormir num cemitério
E eu por lá passei a noite descansado
Porque não vi polícia e nem o delegado
Eu tenho medo só de gente viva
Pela mania que as pessoas têm
De gente morta eu não tenho medo
Porque os coitadinhos não fazem mal a ninguém

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Lado A - 08 - Resposta do facão de três listas

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Há uma história de um facão de três listas
Que um artista pois em gravação
Dizendo ele ser um homem valente
Linha de frente com aquele facão
Já fez até um tal relho trançado
É preparado pra brigar bastante
Diz que peleia que é metido a guapo
É bate papo desse ignorante

É conversa fiada, barulho de prato não é comida, vivente

Eu não peleio, mas cantando eu ripo
Homem do teu tipo não dá peleador
Nem a facão, com relho ou a bala
Tipo desta iguala, só dá falador
Não tenho medo de facão três listas
E nem tampouco de relho trançado
Eu levo a vida como um bom artista
Nasci com calma e não sou assustado

Depois da tempestade vem a calmaria, vivente

Gritar no rádio não é ter topete
É só manchete pra fazer banzé
Acha que a briga é muito bonita
Prende no grito e não diz com quem é
Até meus fãs pensam que é comigo
Se for eu digo que estou sempre às ordens
Em pensamento não mato e nem morro
E o cachorro que late não morde

Todo guaipeca é barulhento

Eu tenho medo é da tua coragem
Pela bobagem de fazer cartaz
Que eu sou gaúcho do sistema antigo
Faço não digo e tu diz e não faz
E eu não quero é que ameace
A minha classe com o teu modelo
Que eu me criei lidando com facão
E amanso um leão passando a mão no pelo

É isso aí, e o bichinho termina se entregando
Que trabalha até em circo


Peço a meus fãs não se preocuparem
E nem encarem esse facão três listas
Porque meus versos serve de conselho
Eu tiro o relho e o facão do artista
Só tiro as armas, mas não bato nele
Só digo a ele não fazer de novo
Faz que nem eu que canto e não brigo
E sou amigo de todo esse povo

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Lado A - 09 - Retorno do papai

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Meu filho venho voltando pra casa donde saí
Por não poder viver mais com a mulher que adquiri
E pra nóis não viver brigando a sair me resorvi
Mas não deixei vocês mal a fortuna eu reparti
Só a parte que eu levei por este mundo eu perdi
Foi seis anos sem prazeres no mundo aonde eu vivi
Eu vou contar-te o que fiz, joguei, briguei, bebi
Tudo o que era vício ruim neste mundo eu aprendi
Menos a esquecer de um filho que eu deixei por aqui
Mas preciso subir de novo todos degraus que desci
E o pão precisa fermento, meu filho neste momento
Eu vou precisar de ti


- Por favor, não digas isto, meu pai não se clames mais
Basta o sofrer de seis anos entre suspiros e ais
É a nossa obrigação de fazer por quem nos faz
Os pais fazem pelos filhos e os filhos pelos pais

- Obrigado querido filho e filho da minha esposa
Estou gostando da conversa me diga mais qualquer cousa

- És um pai que sofre muito eu também sou sofredor
E a minha mãe também vive curtida de dor
Porque nunca mais secou a cicatriz desse amor
Pra doença di mamãe o remédio é o senhor

- Mas eu pensei que eu pra ela eu fosse um homem ruim
Eu nunca esperava ouvir palavras tão doces assim
Se eu for remédio pra ela a doença vai ter fim
E vão reviver as três flores que murcharam no jardim

- Papai lá vem vindo ela chega do serviço agora
Trabalha na sua firma não é emprego por fora
Quando ela li chergar eu lhe garanto que ela chora
E o senhor abraça e beija minha mãe, sua senhora

- Perdão meu querido filho, sei que queres me ver feliz
Mas eu jamais beijarei sem ouvir primeiro o que ela diz

- Oh meu Deus, será que estou sonhando ou fora de meu sentido
Ou são meus olhos que enxergam outro homem parecido

- Não senhora, sou eu mesmo ainda não sou falecido
E de sofrer vivo cansado vamos esquecer o passado
Pra nóis três ficar unido

- Eram três caminhos escuro que hoje tem claridade
Um pai, um filho e uma mãe sofreram barbaridade
O próprio tempo dá tempo se chega o pé da verdade
Com o retorno do papai vamos ter felicidade

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Lado A - 10 - Homem feio e sem coragem não possui mulher bonita

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Hahaa, é isso aí
Um dia eu e o mano
se ressolvemo um passeio
e fomos apreciar um baile
na Estancia Campo do Meio

meu irmão foi num cavalo
que era flor de rodeio
era um tostado castanho,
um pingo de bom tamanho
de confiança nos arreio


Eu fui num cavalo preto
de acordo com a noite escura
e o pingo solto de patas
que era uma formosura
se acaso eu e meu mano
fizesse alguma loucura
e botasse a vida em jogo
os pingos soltavam fogo
do rompão das ferradura

Quando chegamos na estância
o baile estava animado
no galho duma figueira
deixei meu cavalo atado
cheguei e paguei entrada,
entrei muito entusiasmado
e fui tirando meu pala
e apartando um par da sala
e dançando um xote marcado



Meu irmão dançou com
a loira e eu dançei com a morena
saí no ouvido dela
chorando que dava pena
meu irmão também com
a outra repetia a mesma cena
nõs os quatro agarradinho,
parecia dois barquinhos,
quando as águas tão serena

Quando foi de madrugada
estava tudo combinado
pra uma saltar no preto e
a outra no tostado
Saímos na noite escura olhando
o céu estrelado oigatê noivado lindo
quando sol vinha surgindo
chegamo em casa atrasado


E eu disse pra minha mãe,
a senhora tem visita

De hoje em diante mamãe
estas duas senhoritas
lhe obedecem como sogra,
a Terezinha e a Rita
desculpe a nossa bobagem
é que homem feio e sem coragem
não possui mulher bonita

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Lado B - 01 - Lembrança do passado

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Tenho saudade dos tempos bons de outrora
quando eu vivia lá fora na fazenda do branquinho
Com a minha gaita a minha faca prateada
a minha gaucha amada senhora mae dos meus filhos

Com elas três sempre em minha compania
vivo cheio de alegria sou um gaucho feliz
E a minha faca que eu carrego na cintura
conhece a minha bravura pelas peleias qu eu fiz

Minha gaucha um anjo que Deus me deu
ela por mim já sofreu mas ainda me admira
Quando ela ouve eu no radio estar catando
fica quietinha escutando e de saudade suspira

Minha acordeona sempre boa e afinada n
ão é gaita pianada é sanfoninha singela
Mas para mim contem diverso valor
porque muitos trovador já surrei tocando nela

E a minha faca que à alguns anos atrás
tinha trabalho demais esta descançando agora
Mas quando enxerga o churrasco e a farinha
corcoveia na bainha querendo sair pra fora

E hoje velho com os meus cabelos brancos
no improviso eu sou franco a rima nunca faltou
Graças a Deus canto com facilidade
porém me resta saudade do tempo bom que passou.

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Lado B - 02 - Figueira amiga<

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Esta figueira, meus amigos fica
na esquina do forte com a Assis Brasil


Figueira como é que pode
Estares modificada
E vejo assim tão cercada
De casas de moradia
Onde estão as ferrarias
Do Carlo e do Zéca Paiva
Francamente eu tenho raiva
De não ver mais quem eu via.

Figueira faz tanto tempo
Que eu estava retirado
Aqui deixei meu passado
E hoje venho a procura
Só não vejo as criatura
Que eu vi e sou testemunha
Pegando cavalo a unha
Para porem a ferradura.

Passavam tropas e tropas pelo passo da mangueira
E na estrada da pedreira pouco adiante do boeirinho
O matador assassino e as facas carneadeiras
Parece até brincadeira que o tempo modificou
Que fim será que levou teus velhos dono figueira
Eu tenho até que teus donos à anos já faleceram
E os herdantes venderam para outros seus direito
Ficaste assim desse geito cercada de vizinhança
Que fim levou as crianças e aquelas moças tão lindas
Recordo de tudo ainda e não me sai da lembrança.
Quem tu eras, quem tu és, oh figueira bonitona.
Zéca Paiva era o teu dono, a dona Arzira tua dona
Quantas vezes em tua sombra churrasquiei, toquei sanfona
E a evolução por vaidade transformou tudo em cidade,
passou a ser cidadona


Se eu pudesse eu te mudava
Pra um lugar de campo aberto
Para sentires de perto
As coisas de antigamente
Tu com toda essa beleza
I esse estranho ambiente
Não podes viver contente
Distante da natureza.

É isso mesmo figueira, tu és a recordação do meu velho passado
Vamô encerrar gaiteiro

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Lado B - 03 - Pedidos de um gaúcho

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Quero deixar uns pedidos
Já gravem bem na memória
Quando eu ir para o céu
Que findar a minha história
Vou cantar versos pra os anjos
Pra todo reino da glória

Que em cada reza
Façam um grande sóvel
Que eu possa subir por ele
Até na porta do céu
Porque Deus há de ouvir
A reza que o povo fez
E eu de lá hei de cantar
Versos lindos pra vocês


E o meu primeiro pedido
Agora vou declarando
Quero uma cavalaria
Meu enterro acompanhando
O povo batendo palma
E uma sanfona chorando

Na hora de me velar
Quero quatro candeeiro
Devidamente pilchado
Meus amigos e companheiros
E quero ser enterrado
Bem ali no meu potreiro

Em roda do meu jazigo
Deixem crescer o capim
Um ou dois cavalos amigo
Pastando em roda de mim
Não me ponham na parede
Porque é contra o meu querer
Me ponham na terra virgem
Que me ajudou a crescer


Não é preciso haver choro
Que todos pensem assim
Quero dois índios trovando
No dia que eu tiver fim
E o que eu cantei por vocês
Quero que cantem por mim

Amigos estes convites
É pra o fim da minha vida
Quero cantiga à vontade
Que corra frouxa a bebida
Bebam cantem mas não briguem
E respeitam o meu defunto
Para evitar que eu me alerte
E saia pelejando junto


E o meu último pedido
Atendam com devoção
A bandeira do Rio Grande
Enrolem no meu caixão
E um letreiro na cruz
Que vai cravada no chão
Aqui descansa um gaúcho
Que honrou a tradição

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Lado B - 04 - Eu reconheço que sou um grosso

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Me chamam de grosso, eu não tiro a razão
Eu reconheço a minha grossura
Mas sei tratar a qualquer cidadão
Até representa que eu tenho cultura
Eu aprendi na escola do mundo
Não foi falquejado em bancos colegiais
Eu não tive tempo de ser vagabundo
Porque bom gaúcho vergonha não faz

Eu trabalhava, ajudava os meus pais
Eu sempre levei a vida de peão
Porque no tempo que eu era um rapaz
Qualquer um serviço era uma diversão
Eu lidava no campo cantando pros bichos
Porque pra cantar eu trouxe vocação
Por isso até hoje eu tenho por capricho
De conservar a minha tradição.

Eu aprendi a dançar aos domingos
Sentindo o cheiro do pó do galpão
Eu pedia licença apeava do pingo
E dizia adeus assim de mão em mão
E quem conhece o sistema antigo
Reclame por carta se eu estou mentindo
São documentos que eu trago comigo
Porque o respeito eu acho muito lindo

Minha sociedade é o meu CTG
Porque nela enxergo toda a antiguidade
E não se confunda eu explico por que
Os trajes das moças não são à vontade
E se, por acaso, um perverso sujeito
Querer fazer uso e abusos de agora
Já entra o machismo impondo respeito
E arranca o perverso em seguida pra fora

Ô mocidade associem com a gente
Vão no CTG e leve os documento
Vão ver de perto que danças decente
E que sociedade de bons casamentos
Vão ver o respeito, vão ver a alegria
Vão ver o capricho desta sociedade
E ver o encanto das belas gurias
Que possam lhe dar uma felicidade

O meu pensamento agora vai longe
Cruzar a fronteira os Estados Unidos
Que com certeza esta hora também
Arguém me escuta por ter bons ouvidos
E ao presidente de lá desta terra
Que é deste povo bastante querido
Este gaúcho aqui não tem falha
Porém eu quero agradecer as medalha
Que nesse verso ficar agradecido

A ti ô doutor Antônio gaúcho
Que Deus nos conserve a nossa amizade
Tu tens razão e merece essa ideia
Que Deus te deu tanta mentalidade
Por ser um gaúcho, um advogado
Que bota e que tira o vivente da grade
Eu neste versinho eu quero te dizer
Eu peço pra Deus pra Ele atender
Que dê pro senhor felicidade

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Lado B - 05 - Dizem que o poeta é louco

Intérprete: Gildo de Freitas

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Dizem que o poeta é louco
De fato eu não sou bem certo
Fui criado sem estudo
E escrevo e não me aperto
Quem escreve verso errado
Trazem pra mim que eu conserto

É isto mesmo moçada o grosso também têm vez!

Eu digo não sei bem certo
Porque não gosto de grito
Até hoje quem gritou
Pensando em fazer bonito
Eu deixei que nem criança
Chorando por pirulito

Manhoso!

Touro e cavalo velhaco
Sempre lidei com cuidado
Todo homem brigador
Com carinha de abusado
Sempre tratei com respeito
Pra também ser respeitado

O respeito impõe respeito!

Nunca gostei de brigar
Mas já briguei obrigado
Porque um homem correndo
Fica desmoralizado
Prefiro morrer com honra
Do que viver desonrado

Há ha...

Sou filho de raça pobre
Sem conhecer o conforto
Confiando e desconfiando
Sou que nem cavalo torto
Pra mudarem o meu sistema
Só sendo depois de morto

E o pau que nasce torto não se endireita rapaziada!

A mulher se amansa à beijo
Estudante eu aconselho
Fazer um pano branco
Pra agarrar um pano vermelho
O burro se amansa à espora
O covarde se espanta à relho

Vamos encerrar sem dar nenhum laçaço mais!

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Lado B - 06 - A mula do falecido Palmeira

Intérprete: Gildo de Freitas

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Pra mulão de qualidade só sendo a minha tostada
A mula me conhecia eu até pela pisada
Tinha uma franja bem grande de cola e crina aparada
Ganhou uma vez numa festa uma figa pra cabeçada

Eu cheguei a injeitá três mula pela tostada
Tinha uma mula picaça das quatro pata calçadas
Tinha uma mula rosilha e outra vermelha dourada
E eu arrespondi pro dono não me agradei da mulada

Quem vê eu contar a história pouco crê e dá risada
Mais a mula merecia por ser bem assinalada
Tinha uma estrela na testa pela natureza dada
Parecia a Estrela Dalva sinalando a madrugada

Hoje se eu deito eu não durmo é me lembrando da
coitada
Vou contar pelo que foi minha mula foi roubada
Agarrei a minha pistola com bala bem azeitada
Abandonei o meu rancho saí campeando a tostada

Eu me encontrei com o ladrão a cada de tempo na
estrada
Vinha vindo numa mula magrinha e mal encilhada
A mula me conheceu ali ficou empacada
Pela estrela eu conheci que era a minha tostada

O ladrão de prevenido fez a primeira pegada
Puchemo as pistola junto e as balas foram trocada
Uma bala eu peguei nele outra bala peguei na tostada
E a pobre da minha mula teve um fim triste na estrada

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Lado B - 07 - Ajudando a medicina

Intérprete: Gildo de Freitas

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Eu sofri muito por causa do cigarro
Eu sofri mesmo dum modo esquisito
A nicotina me engrossou o sangue
Me abafou o peito e me deixou aflito
E que eu ia passar essa prova
A medicina já tinha me dito
Que se eu quisesse durar mais um pouco
Que eu não fosse louco e largasse do pito

Se divulgarem em todos os programas
Está mensagem que o meu verso trás
É muito bom que alerta o povo
Do mal tremendo que o cigarro faz
A sua tosse vai se terminar
E o seu bronco funcionar em paz
E se achar o meu verso bonito
Tome o conselho e abandone o pito
Sossegue o pito e não pite mais

Faz pouco tempo que eu descobri
O mal tremendo que o cigarro faz
E o Brasil precisa de homens fortes
E não de um moço julgado incapaz
E todo velho que não foi fumante
Ele faz tudo o que um moço faz
Eu dormi muito e acordei agora
Joguei com raiva o meu pito fora
Sosseguei o pito e não pito mais

Você ai que está sofrendo
Desta maneira triste como estais
Com este forte aborrecimento
E ainda dando suspiros e ais
Impressionado com o teu cansaço
Viveres muito eu sei que não vais
Porque não tomas um chá de capricho
Porque não joga o cigarro no lixo
Não sossega o pito e não pita mais

Eu venho sim aconselhando o povo
De toda desgraça que o cigarro traz
Quanto mais você emagrece
Mais enriquece as casas funerais
Pelo cigarro que vai se queimando
Tantos penando nos hospitais
E é por isso que eu acho importante
É nois unir e não ser mais fumante
E num grito só não pitamos mais

Vamô parar de pitar moçada e encerra!

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Lado B - 08 - Não enjeito proposta

Intérprete: Gildo de Freitas

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Eu tenho pena deste coitadinho
Que anda dizendo que é trovador
Vamos nós dois trovar numa praça
Pro povo ver quem tem mais valor
É só você marcar o local
Nós apostamos um bom capital
E o povo todo é nosso julgador

Tu apresenta o teu repentismo
Depois eu entro e apresento o meu
Depois eu canto o que eu escrevi
Tu também canta o que escreveu.
Depois trovemo versos de seis linha
A tuas rima bate contra a minha
E o povo nota quem é que perdeu.

No desafio eu te faço proposta
Arruma um outro que tenha cartaz
Respondo todas perguntas no verso
Que em conjunto tu e ele faz.
Um de nós três vai gozar depois
Se eu perder pra vocês os dois
Eu entrego o cargo e não trovo mais

Certas bobagens que andas dizendo
É pura inveja do Gildo de Freitas
Eu tenho a cara de homem sincero
E uso ela conforme foi feita.
E a tua cara é duma forma elástica
Já fez até uma operação plástica
E nem assim a cara não se ajeita.

Caso de briga eu não respondo mais
E o povo todo sei que não repara
Por que já sabem que és de bate papo
Tu te ouriça e depois dispara.
Já estes dias um gaiteiro teu
Algo com ele aconteceu
E te sentou-lhe um cinzeiro na cara

Nem te alembraste do facão três listras
E nem tampouco do relho trançado
Tu te lembrou foi de chamar recurso
Já deste prova de homem assustado.
Ele acertou por tu não ter destreza
Pra que então que arrotas grandeza
E depois fica de couro marcado

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Lado B - 09 - Definição das pilchas

Intérprete: Gildo de Freitas

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Senhores este barulho, que estao ouvindo agora
Que faz esse trintrintrin é a roseta das espora
Pois tem muita serventia e a muito ate me destrai
E a minha espora so sai quando eu tiro a bota fora

Esse aqui é o tirador pra peões e capataz
Quando se laça de a pé se deita o corpo pra traz
Pilcha de muito valor sempre atada na cintura
Pra livrar a queimadura do golpe que o laço faz

Esse aqui é o cinturão, muitos chamam de guaiaca
Onde guardo o cruzeiro, mas já guardava a pataca
Vai preso no mesmo cinto, mais um casal que resolve
O velho amigo revólver esposo da velha faca

Faca veia cortadeira, revólver fabricante de defunto!!

Esse aqui é o chapéu de aba e de barbicacho
Pra o sol não bate nos olhos se dobra as aba pra baixo
Esse pano no pescoço não vão pensar que é gravata
É o lenço que a gente ata em pescoço de índio macho

Índio de fala fina não pode amarra lenço!!

Esse aqui é o pala branco que deito em cima da blusa
É um enfeite do traje que todo gaúcho usa
Já tem o nome na historia por ser traje de respeito
Que o mais perverso sujeito admira e não abusa

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Lado B - 10 - Resposta da adaga de ésse

Intérprete: Gildo de Freitas

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Leia a Letra

Ontem a viola viu minha aliança
E me perguntou com todo respeito
Qual a aventura que tu vais fazer
Que estás tão alegre assim desse jeito
Viola querida eu vou me casar
Respondi pra ele muito satisfeito
E ele perguntou se caberia outro amor
Além da viola encostada em meu peito.

Tem gente que acha que a letra é mentira
Por eu conversar com o meu instrumento
O meu pensamento falou com a viola
E a viola falou com o meu pensamento.
Por que ela e a lua são duas amigas
Que acompanham a todo momento
Não era bem justo que eu não respondesse
Todas as perguntas do meu casamento.

Viola querida tu és a culpada
De eu ter conquistado esta linda donzela
Quando em serenata num triste lamento
Nos os dois juntinhos cantava pra ela.
Ali foi crescendo este nosso amor
E hoje nos leva a casar na capela
E por tua causa eu não posso deixar
De compreender os carinhos dela.

Agora que sabes que vou me casar
Devias tocar inda mais contente
Tu és de madeira e eu sou humano
Estou compreendendo a dor que tu sentes.
Eu vou construir um rancho bem grande
Para nos os três viver eternamente
Por que pra viola, mulher e luar
Sempre tem lugar nos braços da gente

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