Eu tenho pena deste coitadinho
Que anda dizendo que é trovador
Vamos nós dois trovar numa praça
Pro povo ver quem tem mais valor
É só você marcar o local
Nós apostamos um bom capital
E o povo todo é nosso julgador
Tu apresenta o teu repentismo
Depois eu entro e apresento o meu
Depois eu canto o que eu escrevi
Tu também canta o que escreveu.
Depois trovemo versos de seis linha
A tuas rima bate contra a minha
E o povo nota quem é que perdeu.
No desafio eu te faço proposta
Arruma um outro que tenha cartaz
Respondo todas perguntas no verso
Que em conjunto tu e ele faz.
Um de nós três vai gozar depois
Se eu perder pra vocês os dois
Eu entrego o cargo e não trovo mais
Certas bobagens que andas dizendo
É pura inveja do Gildo de Freitas
Eu tenho a cara de homem sincero
E uso ela conforme foi feita.
E a tua cara é duma forma elástica
Já fez até uma operação plástica
E nem assim a cara não se ajeita.
Caso de briga eu não respondo mais
E o povo todo sei que não repara
Por que já sabem que és de bate papo
Tu te ouriça e depois dispara.
Já estes dias um gaiteiro teu
Algo com ele aconteceu
E te sentou-lhe um cinzeiro na cara
Nem te alembraste do facão três listras
E nem tampouco do relho trançado
Tu te lembrou foi de chamar recurso
Já deste prova de homem assustado.
Ele acertou por tu não ter destreza
Pra que então que arrotas grandeza
E depois fica de couro marcado
Menina quando eu te vi eu compreendi a tua vida
E notei no teu olhar que tu vive aborrecida
Tu deste algum passo errado hoje vive constrangida
Porém agora é preciso você sentar o juízo
Não viver desiludida
Eu vou te dar um conselho como é que a gente faz
Não vá atrás de promessas de conversas de rapaz
Tu precisa um casamento pra dar prazer pra os teus
pais
Menina tu te domina levante os olhos menina
E não procure errar mais
Tu procuras compreender tudo o que o meus verso diz
Ti confessa lá contido de fato este erro eu fiz
Deus te ouve a confissão porque é nosso juiz
Toma isto como prece tu vai ver como aparece
Quem te faça ser feliz
Porém agora é preciso você não fazer loucura
Porque a tristeza só leva a gente pra sepultura
Levante os olhos menina tenha consciência pura
Se livre da vida baixa porque na vida se acha
Aquilo que se procura
Uma vez num outro estado me pediram informação
Pelo quê que no Rio Grande todo gaúcho é gritão
Bem ali no pé da letra já lhe dei explicação
São tradições do estado pra quem foi acostumado
a gritar com a criação.
Assim mesmo não são todos do falar agritalhado
O gaúcho da cidade tem o falar moderado
Na campanha é que há razões de falar mais alterado
Isto são coisas da vida pra quem se criou na lida sempre
gritando com o gado.
Quem se criou na campanha saltando de madrugada
Obedecendo o patrão e pondo a tropa na estrada
Quem quiser ver coisa feia é uma tropa estourada
É ali que eu acredito que a gente não dando uns grito
se perde toda a boiada.
Dou definição do grito porque me criei tropeando
Hoje de vida mudada vivo no disco gravando
Mas eu tenho a impressão que ouço o gado berrando
Por isso às vezes facilito e sem querer dou-lhe um grito
e gravo a letra gritando.
A resposta da pergunta sempre eu achei mais bonita
Aí pra banda do norte, aonde eu não fiz visita
Responderei pelo disco, sei que este povo acredita
Nesta minha gravação fica dada a explicação
Por que é que o gaúcho grita.
Intérprete: Gildo de Freitas e Carlos A. M. Pereira
Clique nos controles para ouvir a música
Leia a Letra
Sou gaúcho e me comparo com uma argola de laço
Saio da mão do patrão me esparramando no espaço
Voar na guampa do bicho sem receber um chifraço
Eu tenho outros valores sou o rei dos trovadores
Não é só isso que eu faço
Eu também sou que nem faca na mão do homem valente
Que para certos contrários se torna meia imprudente
Se vai trocando de mão e avançando pra frente
É a chave de respeito e abre a porta
No peito do coração do vivente
Também sou que nem revolver marca do lado direito
Que anda sempre azeitado para sinal de respeito
Arma forte e perigosa no coração do sujeito
É marca grande sem medo
Que só no puxar do dedo já deixa um defunto feito
Eu também sou que nem cachorro amigo de estimação
Que o dono dorme no leito e seu amigo no chão
E nas horas de perigo está sempre em prontidão
E pouco se considera que ele avance
Numa fera pra defender seu patrão
Também sou que nem a cinta que foi feita pra servir
A companheira da calça que o homem tem que vestir
Para qualquer um lugar que o homem tiver que ir
Ela aperta na barriga em qualquer susto de briga
Não deixa a calça cair
Mas também sou um poeta que trouxe um dom natural
Que faz da memória um canto e faz do verso bagual
Com debelaria de touro tratado na capital
Já vivem trocando orelha pra ver se fazem parelha,
Mas porém não fazem igual
Vamô embora moçada, vamos dar uma passeada por Paraná
ai delegado Romão, bigodudo véio vai te afirmando por lá em Marmeleiro
Assis Bandeira
Eu gostei muito lá do Barracão
Também gostei muito lá do Marmeleiro
Toquei um baile em Francisco Beltrão
Fui bem feliz ganhando dinheiro
Em Pato Branco foi à mesma coisa
Me receberam assim com cortesia
Por que a oleosa que fabrica o óleo
Me contratou por noventa dias
Por essa firma que entrei na rádio
E lá então cantei pra vocês
E os meus fãs que gostaram disso
E agradeço ao Lula Triches
Foi um contrato feito verbalmente
E ele aceitou a proposta que eu fiz
Não foi preciso por assinatura
O gaúcho é sério e sustenta o que diz
Ai, ai, ai, quanta saudade me dá
Fiquei encantado com aquele progresso que eu enxerguei lá no Paraná
Ai, ai, ai eu qualquer dia eu sei que me arranco
Pego o meu carro ponho o pé no fundo e só vou parar lá em Pato Branco
Lula Triches é um homem de progresso
Não admira tipo vagabundo
Então por isso eu fiz estes versos
Sinto na alma o prazer profundo
E o seu nome merece mesmo
Ser divulgado por todo esse mundo
És homem rico, mas, porém honesto
Honrando os pago lá de Passo Fundo
Oh Terra Boa!
Tu és um gaúcho de bom coração
Por toda parte que andar eu digo
E quem procede com sinceridade
Sempre há socorro para seu abrigo
Você por lá e eu por aqui
Meu pensamento esta sempre contigo
Fiz esta letra para te provar
Que eu não esqueço dos meus bons amigos
Ai, ai, ai, quanta saudade me dá
Fiquei encantado com aquele progresso que eu enxerguei lá no Paraná
Ai, ai, ai eu qualquer dia eu sei que me arranco
Pego o meu carro e ponho o pé no fundo e só vou parar lá em Pato Branco
Eu sonhei com você esta noite passada
Um sonho que trouxe bastante alegria
Mais tarde meu sonho tornou-se nada
E veio a tristeza e veio a tristeza
No clarear do dia
Sonhei que você deitava em meus braços
E naquela hora eu dei graças a Deus
Por ter me dado a oportunidade
De aproveitar, de aproveitar
Os carinhos teus
Só mesmo em sonho para eu ser feliz
Na realidade você não me quer
Porém em sonho eu fiquei sabendo
Que és carinhosa, que és carinhosa
Oh linda mulher
Desejo até que tu sonhes comigo
Assim conforme eu sonhei contigo
Que beije minha boca conforme eu beijei
E gostes bastante e gostes bastante
Conforme eu gostei
Depois acordando, que tu sintas tristeza
Da separação, conforme eu senti
E confesse por carta, o teu sonho chorando
Que eu estou confessando, estou confessando
E cantando pra ti
Senhores este barulho, que estao ouvindo agora
Que faz esse trintrintrin é a roseta das espora
Pois tem muita serventia e a muito ate me destrai
E a minha espora so sai quando eu tiro a bota fora
Esse aqui é o tirador pra peões e capataz
Quando se laça de a pé se deita o corpo pra traz
Pilcha de muito valor sempre atada na cintura
Pra livrar a queimadura do golpe que o laço faz
Esse aqui é o cinturão, muitos chamam de guaiaca
Onde guardo o cruzeiro, mas já guardava a pataca
Vai preso no mesmo cinto, mais um casal que resolve
O velho amigo revólver esposo da velha faca
Faca veia cortadeira, revólver fabricante de defunto!!
Esse aqui é o chapéu de aba e de barbicacho
Pra o sol não bate nos olhos se dobra as aba pra baixo
Esse pano no pescoço não vão pensar que é gravata
É o lenço que a gente ata em pescoço de índio macho
Índio de fala fina não pode amarra lenço!!
Esse aqui é o pala branco que deito em cima da blusa
É um enfeite do traje que todo gaúcho usa
Já tem o nome na historia por ser traje de respeito
Que o mais perverso sujeito admira e não abusa
Uruguaiana cidade princesa
Que tem de tudo o que a gente precisa
Além de teres bastante beleza
É sentinela da nossa divisa
És a cidade costeira do pago
Lá onde o Rio Grande termina
E as do rio Uruguai
É quem separa o Brasil da Argentina
Ès a Cidade de cosas tão bela
E um povo bondoso e gentil
É lugar de tão lindas donzelas
Que enfeitam o nosso Brasil
As casadas são sérias e bonitas
E os maridos são guapo e valente
Quando eu chego por lá de visita
Eu procuro lá voltar novamente
Quando eu faço a minha despedida
Da cidade de Uruguaiana
Vou pra outras terras parecidas
Jaguarão, São Borja e Santana
Uruguaiana cidade princesa
Que tem de tudo o que a gente precisa
Além de teres bastante beleza
É sentinela da nossa divisa
Eu me chamo Felisbino, nasci no Torrão Vermelho
Fui peão e sou patrão sempre lutando pareio
Muitas cabeças de touro eu quebrei a cabo de reio
Estou velho, mas pro serviço não sei dobrar o joelho
E por saber que morro cedo deixo os versos por conselho
A galinha pra botar ela precisa de indez
E por isso então não desmanchem o que este velho fez
Segurem não ponham o que eu deixar pra vocês
Fortuna que é posta fora não se adquire outra vez
Cada genro é uma estrela que na minha casa brilha
Se acreditar em conselho será uma maravilha
Não vendam não ponham fora o que eu deixar pra família
Cuida e zela pra teus filhos o que eu deixar pras minhas filhas
E você meu filho homem escute o que eu digo agora
A parte que te tocar desfruta, zela e adora
Pra amanhã depois teus filhos e a minha querida nora
Desfrutaram a fortuna de quem deu e foi embora
Esta estância em que vivemos foi por mim adquirida
Não foi logrando ninguém e nem herança vencida
Agora já que me sinto cansado no fim da vida
Faço votos que não seja depois de ganha perdida
Eu me chamo Felisbino nascido no Caroquem
Não tive herança de pai trabalhando é que arranjei
Com gosto entrego a vocês tudo tudo o que ganhei
Intérprete: Gildo de Freitas e Carlos A. M. Pereira
Clique nos controles para ouvir a música
Leia a Letra
Foi em novembro de sessenta e sete
Do Meu Rio Grande fiz a despedida
Deixei meu Pai deixei meus irmãos
Também deixei minha mãe querida
No dia nove de manhã bem cedo
Às cinco horas foi minha partida
Santo de casa não faz milagre
Eu precisava melhorar de vida
Quem não arrisca não petisca moçada!
Meu Pai amigo ao me dizer adeus
Ele fingia que estava contente
Porém seus olhos me diziam tudo
Que dor cruel para o coração da gente
Minha mãezinha disse adeus sorrindo
Notei seu rosto ficar transparente
Como quem diz meu querido filho
Por quanto tempo ficaras ausente
É brabo meus amigos a retirada de perto da mãe
Dei rédea ao pingo e acenei com a mão
Fiz a partida de um aventureiro
Peguei a china carreguei comigo
Com piazito filho e companheiro
E levei junto a minha sanfona
Porque tocando se ganha dinheiro
Às nove horas do dia dez
Dei com costado no rio de Janeiro
Que maravilha!
Cheguei no Rio sem conhecer ninguém
Bombacha bota e pala atirado
Os cariocas que são bons amigos
Me dedicaram um abraço apertado
Me perguntaram qual era o meu pago
arespondi entusiasmado
Sou do Rio Grande puxei da sanfona
E dançava gente por todos os lados
Eta indiada que boleavam os quarto bonito!
Eu hoje vivo aqui bem distante
Só não esqueço o meu velho Rincão
Rio de Janeiro tem tudo que é belo
É grande alvo de admiração
Maravilhosas praias de banho
Não faz inverno tudo é verão
Eu sou gaúcho de nascimento
Sou carioca de coração
Eu sou gaúcho de nascimento
Sou carioca de coração
Intérprete: Gildo de Freitas e Dorival Ignácio da Silva
Clique nos controles para ouvir a música
Leia a Letra
Lá do outro lado da estrada
Tem um rancho de capim barreado
E do lado de cá da estrada
Os meus pais era localizado
Eu vivi ali com meus pais
Pra cumprir meu dever sagrado
Eu plantava, eu mesmo colhia
Olhando a guria lá do outro lado
Era a moça mais linda de lá
Todo mundo em peso dizia
Eu de cá acenava pra ela
E de lá ela correspondia
Uma cerca, uma estrada no meio
Era só o que nos dividia
Mas o medo malvado tirano
Conservou nós assim, por dois anos
Sem eu nunca falar com a guria
E um moço criado em cidade
De capricho e bem estudioso
Foi um dia passear na capela
E no rancho o moço fez pouso
Em conversa gostou da menina
Com certeza por ser carinhoso
Sem temer de haver qualquer coisa
Hoje a moça do moço é a esposa
E o moço da moça é o esposo
Hoje em dia meus pais já morreram
Vivo eu sem ter um carinho
E do outro lado da estrada
Só existe um casal de velhinho
Todos os dias quando eu me levanto
Sempre eu olho pra aquele ranchinho
Reconheço que fui um covarde
Me arrependo, mas é muito tarde
E o medroso termina sozinho
Reconheço fui um covarde
Me arrependo, mas é muito tarde
E o medroso termina sozinho
Esse nosso mundo velho ninguém entende direito
Uns levam a vida sofrendo, uns rindo satisfeito
Uns morrendo, outros nascendo
Uns ganhando outros perdendo mundo velho sem respeito
Não adianta dar conselho
Nem sendo a vida um espelho que mostra o nosso defeito
Que bom seria este mundo se a nossa humanidade
Visasse sempre um no outro o mesmo ser de bondade
Que quando o mal praticasse
Se arrependesse, pensasse que somos uma irmandade
Filho de um pai poderoso
Surgia um gesto amoroso e era um mundo sem maldade.
Assim se vai esse mundo uns mais fracos outros mais fortes
Quando um pensa pro sul, outro pensa pro norte.
E por isso o mundo é falho
Uns se dedicam ao trabalho e outros mais ao esporte
E assim segue os barulho
Entre mentiras, orgulhos só se arrependem com a morte.
É um mundo enganador com escassez de verdade
Ao conversar com o vivente se encontra tanta bondade.
Porém da boca pra fora
Porém da onde a consciência mora, é uma lama de maldade.
E quem sente esses carinhos
Não nota o que são espinhos furando a dignidade
Se fores fazer o mal como muita gente faz
Tu pensas contigo mesmo será que eu era capaz
De eu mesmo receber o que eu queria fazer
Do que a má idéia traz garanto que não querias
E nem tão pouco farias maldade em lugar da paz